Agora, depois de ter voltado e colocado tudo no seu devido
lugar posso me sentar e colocar no papel as sensações dessa viagem que foi
extremamente terapêutica e inspiradora.
2008 e 2015 |
Fui pra Londres pela primeira vez aos 17 anos, em 2008. Foi
a minha primeira vez aos 17 anos, em 2008. Foi a minha primeira viagem
internacional, com minha melhor amiga. Toda a minha infância foi povoada por
aquela cultura, e ver as coisas ao vivo mudou muita coisa em mim. Como em
qualquer viagem, mas essa veio em um momento crucial. Antes do meu último ano
de colégio, antes de ter que decidir o que fazer da vida (o que, vamos ser sinceros,
ainda não aconteceu). Essa época meio turbulenta e cheia de crises
existenciais. E Londres me fez escolher o inglês como a língua que eu ia
estudar, e a cultura que (não) escolhi gostar. Voltar para Londres alguns meses
depois da minha formatura teve muito significado. Seis anos se passaram. O que
mudou? Quem é a Lúcia de 6 anos atrás? Quem é a Lúcia de agora? Quem é a
Londres de 6 anos atrás? Quem é a Londres de agora?
Voltei com muitas diferenças e semelhanças. Fui com outra
melhor amiga. Não tinha aulas, ou responsabilidades. Não tinha a necessidade de
ver alguma atração turística. Vivi um pouco ali também. Não foi necessariamente
uma vida melhor da de 2008, nem pior, só diferente. Vi musicais que me marcaram
muito, vivi um pouco da vida prazerosa que no dia a dia a gente esquece de ter.
Acho que isso se chama férias, né? Mas para mim foi mais forte que isso.
Depois de um natal legal, diferente, mas com algumas decepções, depois de uma
série de rejeições e a certeza de que eu voltaria e teria que entrar de novo
nessa situação de mandar mil emails sem nenhuma resposta positiva e não saber o
que vai ser de mim no mês que vem, eu precisava de Londres. Eu precisava
daquela velha amiga.
Eu e a Lari e a Tower Bridge, o passado das selfies! |
Eu precisava de cafés preguiçosos, das caminhadas no parque,
das fotos, das compras, das comidas decentes (e indecentes), de dormir um pouco
mais sem a culpa de ser obrigado a “aproveitar” que nos é imposta. De fugir
pras livrarias, onde somos compreendidos (e onde podemos sentar), ver musicais
legais e lembrar porque eu gosto tanto de música, teatro, cultura em geral, em
cada esquina, e valorizar tudo o que eu aprendi e vivenciei.
Poder passar o ano novo em uma casa em Surrey com os pais do
namorado da minha melhor amiga, que me fizeram uma casa na casa deles sem nem
precisar, só talvez como agradecimento por ser amiga de quem sou, ou por serem
simplesmente pessoas especiais, que me deram um pouquinho de felicidade e
fizeram do meu ano novo um momento de reafirmação dos meus sonhos e das minhas
vontades.
Poder ir e saber que Londres tá logo ali, cheia de pessoas
legais e de braços abertos pra quando eu precisar, é minha terapia. Como uma velha
amiga que não vemos quase nunca, mas que ao encontrá-la é como se o tempo não
tivesse voado, como se fosse ontem.
Só que foi há 6 anos atrás.
Eu e a chummy Deborah |