Um dos meus livros favoritos se chama “Nova Gramática
Finlandesa” escrito pelo tradutor italiano Diego Marani. O livro não é uma
gramática do finlandês, como o nome poderia sugerir, mas um romance
extremamente poético sobre a identidade lingüística. Como era de se esperar, o
livro traz várias reflexões sobre línguas e culturas.
Uma das primeiras coisas
sobre o finlandês que aprendemos ao ler é a expressão “Oma maa mansikka; muu
maa mustikka” que, traduzida ao pé da letra, significaria “Outra terra mirtilo,
nossa terra morango”, quer dizer, segundo a lógica dos finlandeses, as outras
terras podem ser legais, mas não se compara ao nosso lar, à nossa terra.
Aí me peguei pensando...
“Eu gosto muito mais de mirtilos, como isso funcionaria pra
mim então?”
Talvez pros finlandeses o mirtilo seja lugar-comum. Talvez o
morango seja mais valorizado, extremamente especial.
Não sei.
Mas isso tudo depende de gosto.
Então por que escolher frutas tão gostosas para se fazer uma
comparação baseada em gosto e que pretende estabelecer uma verdade meio
universal?
Eu prefiro mirtilo. Isso quer dizer que eu prefiro outras
terras à minha terra natal? Isso quer dizer que eu prefiro estar longe de casa?
E se o mirtilo significa ter várias casas, como fica então?
E outra pergunta: E se a gente gosta dos dois em igual
medida? Como fazemos então?
Eu acho que eu gosto de mirtilos e morangos.
Como eu faço então?
Aos finlandeses, peço desculpa pela dissecação de seu ditado
popular, mas vocês tem que consertar isso aí.
Tô confusa.
Não sei se gosto de casa ou da rua.
Não sei se não tenho várias casas e várias ruas.
Descubram aí.
Atenciosamente,
Lúcia (só não gosto mesmo é de groselha)
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